quinta-feira, 20 de março de 2008

O tempo que passa


Não queria ir dormir hoje sem escrever algo. Recorri a um dos resultados da minha faxina, esta que tem sido um ritual meu há alguns anos e que tem por objetivo central, liberar minhas estantes dos papéis que não me servirão mais e que só acumulam poeira. Três sacolas grandes de papel: é papel de rascunho "até umas horas"! Por outro lado acaba acontecendo um outro fenômeno, talvez o lado menos ecologicamente incorreto dessa história: acabo revisitando antigos papéis e ensaios, pequenos poemas, antigas dores de desamores, mensagens, cartões, fotos, enfim... gosto de olhar sempre diferente para algumas coisas que já considerei importantes e para aquelas que continuam sendo importantes. Acho, inclusive, anotações que foram feitas em outras faxinas e assim sucessivamente... Bem, aí vai uma que encontrei e achei interessante nessa minha "revisita". Ao longo dos dias exporei alguns outros. Abraço!

Quem olha de fora
Muitas vezes não enxerga o enorme barulho que ecoa dentro daquela pessoa que atravessa a rua, ou está sentada/o em seu escritório, ou entregando pizza, ou dirigindo o carro que pára no próximo sinal.
Sempre me interesso pelo pensamento, sou uma daquelas pessoas barulhentas. Hoje estou em casa e me permito silenciar atrevés do que escrevo.
Passei a tarde mexendo em papéis e, há pouco, tentei desenhar a mim mesma dormindo. Puxa, como não havia pensado nisso antes? (talvez porque não saiba desenhar - observação atual).
Mas voltando ao barulho, lembrei de quem eu era aos 14 anos. Me vi na mesma que sou hoje, exceto pelas cicatrizes. Por isso aceito e admito que já não sou mais aquela garota de 14 anos, mas tenho ela dentro de mim, assim como tenho dentro dos meus olhos aquela bebê exposta na fotografia na casa de minha mãe e de meu pai. Ela jamais sairá de minhas entranhas. Não faz muito tempo e me dei conta de que aquela era eu e que os olhos eram os mesmos e que a única e grande diferença que nos marcaria para sempre seria, então, o jeito de olhar.
De certa forma desafiei o mundo quando me propus desatar os nós daquela menina.
Me desenhei dormindo.
Me desenhei de cabeça para baixo.
A fotografia acima foi registrada em Petrolândia/2004, num encontro com @s índi@s Pankararu .

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