quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O Fenômeno Secretária


Coloco no feminino porque é com elas que tenho esbarrado. Desculpem-me as secretárias maravilhosas com quem tive o prazer de esbarrar, mas não será delas que falarei. Eu vou falar daquelas que nem olham no seu olho quando falam contigo, aquelas que agem como se estivessem fazendo um favor quando estão, nada mais, nada menos, fazendo o que têm obrigação de fazer, aquelas que não sabem ler um e-mail e te olham, com aquele ar de superioridade, para você também olhar na cara dela, ter vontade de mandá-la se lascar, mas só diz “você não leu direito”. Aquela que sorri para você, até te dá um tapinha nas costas, mas faz tua caveira quando você não está por perto...são delas que falarei.
Tenho uma tendência a pensar nos outros lados das moedas, afinal, também tenho meus dias de cão. Há quem diga que seja uma tendência masoquista. Bem, pode até ser, mas, às vezes, entendo mesmo um cobrador apático, um motorista que não responde meu “bom dia”, ou a cara de c. u. da caixa do supermercado. Penso que podem ter tido um dia ruim, que o motor do ônibus está estourando seus ouvidos, que recebem salário de miséria e são super-explorados. Não conto a quantidade de vezes que já fiquei indignada vendo apresentadoras/es de televisão e outras celebridades falando coisas do tipo (vou estereotipar tá!...): “fulana está grávida, carrega 40 kg de qualquer coisa na cabeça, está entre o couro e o osso, não tem nada para comer e está feliz. Ela é que sabe viver...” Fico puta com isso! (Com todo o respeito às integrantes da APPS).
Odeio essa obrigatoriedade de parecer feliz, de parecer bem e corada (com ruge e batom), quando se está com os dedos e os lábios roxos de tanto frio por não poder usar o casaco que, supostamente, esconderia a farda da empresa - como pude ouvir de uma colega ainda no dia de ontem. Agora, claro, como cidadã e como profissional, quero mais é ser atendida com respeito e bem por outras/os cidadãs/aos e profissionais. Por isso esse post. Não engulo gente estúpida que carrega pessoas humanas em transporte público como se fossem bois e vacas (eles também deveriam ser bem carregados), nem agüento mais secretária que te diz ou faz um movimento corporal (ou de olhar) do tipo: “vou te fazer esse favorzinho” quando você sabe que ela está fazendo o que é de sua obrigação e pela qual foi contratada e é paga.
É de causar indignação saber que muitas dessas até recebem muito bem, muito bem mesmo, por atenderem bem quem acham que devem atender bem (e acho que elas acertam...), recebem bons salários e têm até seus estudos financiados pelas empresas e, mesmo assim, executam de forma a desejar o que deveriam, tomando o lugar de pessoas não estúpidas, às vezes nem tão competentes, mas esforçadas, algumas vezes até simpáticas e o mais importante: de pessoas competentes e sangue bom, que estão por aí batalhando um emprego legal.
É ótimo perceber que alguém quer te ajudar a resolver teu problema e não mede esforços, alguém que te devolve um bom dia, alguém que tenta até ser simpática/o apesar das agruras – essas pessoas são inesquecíveis. Claudinete da secretaria de ciências sociais é uma, Ju da Filosofia é outra. Elas existem!!! E elas também são competentes! Agora, elas são ou, pelo menos, parecem raras! O fenômeno secretária ruim, incompetente, antipática e empoderada demais (para não dizer outra coisa) é que é uma praga!!!
Meu post é meu manifesto e minha reivindicação: O mundo precisa de secretárias competentes ou, pelo menos, comprometidas com a prestação do serviço para o qual são pagas e, se possível, de bem com a vida. Claro, ressaltando que elas precisam ser remuneradas justamente e respeitadas, como devem ser respeitadas todas/os profissionais desse mundo.
Ah sim, já ia esquecendo...na imagem acima faltou mais uma mão com os cigarros, claro!

3 comentários:

Anônimo disse...

Ai Sheiloca
tu és uma figuuuuuuuura!
Amei teu post! Super verdadeiro... também sofro com esses tipos amargurados.
Adorei a homenagem.
Xeeero e para o que precisar, estarei aqui sempre. Vc sabe.
Ju.

Marcia Moraes disse...

Nosssaaa!!

Eu sai da UFPE ha 7 anos e ainda me lembro da Claudinete. Encontrei varias copias dela francesas.
:)

Porém... Vai uma noticia: ser incompetente e bem pago não so um privilegio das secretarias...

Beijão!

Unknown disse...

Sheilinha
Também sou indignado com o descaso pelo qual somos muitas vezes tratad@s. Sobretudo porque o descaso de alguns(umas)secretari@s é uma ofensa a nossa cidadania e dignidade humana. O que está em jogo, ao que me parece, em muitos casos, é uma relação simbólica de poder. A mesa d@ secretari@ representaria sua autoridade e a maldita burocracia nos coloca, muitas vezes, numa situação de vulnerabilidade diante del@s, pois podem facilitar ou complicar nossa vida. Não são poucas, porém, as excessões.
Bjão amiga.