terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O mito do amor romântico e a divisão sexual do trabalho doméstico


Há amor que dure à divisão do trabalho doméstico? Bem, se me permitem responder, é claro que há...isso até que ao homem se demande os afazeres domésticos. Nesse momento o príncipe muitas vezes (a maioria) vira sapo! Se o casal é estruturado e tem grana, o trabalho certamente estará com outra mulher (será que é à toa? Coincidência?) e tudo pode até ficar na paz (pelo menos nesse aspecto). Assim como Roberto Machado disse estar se curando do cristianismo (achei o máximo ele dizer isso!), penso que cotidianamente me curo do machismo. Por que estou dizendo isso? Porque já dei provas suficientes do quanto fui contagiada pelo mito do amor romântico – termo brilhantemente cunhado por Jurandir Freire Costa. Encontrar um príncipe, casar e ser feliz para sempre! Ai, ai, ai, já vivi grandes (porém poucos) lutos por pensar assim e por carregar um sentimento absolutamente louco de culpa por querer que meu príncipe dividisse as tarefas domésticas comigo. Mesmo com culpa, não abri mão disso e, então, de princesa virei uma bruxa (do mal) e perdi o... perdi o sapo (príncipe nada!), e levei uma gaia (não a ciência), claro, com uma princesa. Lá se foi ele. A sacola de cuecas que ele deixou na área de serviço chegou alguns dias depois na casa de quem as lavaria. Eu mandei, jamais pensei em lavá-las, mas era o fim. Eu mandei nossas fotografias e o resto de suas roupas, claro, arrancando os cabelos (quase que literalmente!). Mas um dia o luto acaba, a fila anda, e isso aconteceu comigo. A culpa, mandei para o espaço e disse: vão catar coquinho os príncipes, ou é com divisão do trabalho doméstico (divisão mesmo) ou não é! Claro, não foi durante um bom tempo. Cada um na sua. Mas como já prevê o complexo filosófico pós-estruturalista, nossas ilusões são sempre substituídas por outras e eu, claro, substituí a ilusão do mito do amor romântico pela possibilidade da concretização do amor que arca com as tarefas domésticas. Acordar junto, viajar, trocar idéias, olhar no olho, sentir o mar, tudo juntinho, eita que delícia! Lavar banheiro, estender a roupa no varal, lavar prato, forrar a cama, enxaguar pano de prato, eita que “uó”! Sabe quem topa isso? Alguém que tem a capacidade de enxergar o mundo de cabeça para baixo, um príncipe às avessas, um Shrek no melhor sentido do termo. Já até posso ver os livros de auto-ajuda e as Marie Claire da vida: “como segurar o seu Shrek”, ou “faça o teste para encontrar um Shrek”, heheheh, besteira!!! Se a prática não é cotidiana e a mudança de paradigma só é possível nas metateorias...sinto dizer, mas de príncipes (ao contrário do que possam convencer a revistas femininas) o mundo vai continuar cheio. A questão é: as princesas vão continuar se conformando com pouco? Coloquei uma piadinha que tem a ver com essas coisas que acabei de dizer. Não sei de quem é (mas não é minha infelizmente). Abraços e boa diversão (porque ninguém é de ferro!).
Conto de Fadas para Mulheres......?
Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã. Então, a rã pulou para o seu colo e disse:- Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas, uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: "Nem fo-den-do!".

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O charme da careca de Foucault, o bigode sexy de Nietzsche, a radicalização da Democracia e o dedo em riste


Vamos por partes e pelo fim. Tod@s devem saber o que é um dedo em riste, mas não necessariamente devem saber o que é um dedo em riste em sua direção. Eu sei! Reagindo a uma provocação sobre normas institucionais e disciplina, ela se voltou para mim, pôs seu dedo em riste em minha direção e defendeu a democracia e as regras/normas defendidas democraticamente pelo coletivo. Eu sei! Ah se sei!!!...uma democracia besta a começar por seu gesto (ai, ai, que eu tô com uma “preguiça” desse povo!), e um coletivo com muito poder para decisão (eu sei, blá, blá, blá...). Por uns instantes o mundo desabou sobre meus pés. Eu admirava aquela feminista, mas a democracia radical (dela) já tava no ‘beleleu” há muito tempo (não fui a primeira e certamente não sou a última) e o meu respeito por ela ficou apenas no que seus escritos inspiraram em mim. Mas o que quer dizer radicalização da democracia? Resumindo, quer dizer que as mulheres, a partir da organização civil do movimento feminista reivindicam o seu espaço enquanto sujeito na esfera política da vida e, para tanto, pressupõem a reinvenção da prática política, inclusive dentro do próprio movimento feminista que, venhamos e convenhamos, é uma escola, faço parte dele, mas é um balaio de gato. Já disse Saffioti (ela pode, não é meu bem!?): “eu não observo solidariedade entre as feministas. É por isso que eu não participo de nenhum movimento feminista”. Bem, independente das atitudes de umas, os dedos em riste de outras, os “pitis” das feministas históricas, das jovens feministas ou das feministas “fósseis” (essa expressão me foi dita por uma feminista “aposentada”: “ah menina, tem até as fósseis” (seria cômico se não fosse trágico!), o que interessa é que há sentido, há verdade, e há legitimidade na reivindicação por uma democracia radical e é na organização das mulheres que esta reivindicação se explicita e, certamente, poderá se concretizar, mas...e quanto ao charme da careca de Foucault e o bigode sexy de Nietzsche, aonde foram parar nessa história? Bem, não falarei da careca de um, nem do bigode do outro (pelo menos por hora), eu vou falar de uma angústia que esses “cabas” me ocasionaram e que tem a ver com o que escrevi até aqui. Foucault em “Nietzsche, a genealogia, a história” disse o seguinte: “A humanidade não progride lentamente, de combate em combate, até uma reciprocidade universal, na qual as regras substituiriam, para sempre a guerra; ela instala cada uma dessas violências em um sistema de regras, e prossegue assim de dominação em dominação”. Putz, isso é forte! Então, acreditar em que? (essa é primeira pergunta que vem). Semana passada postei uma enquete com a seguinte pergunta: “Você concorda que as mulheres no poder seriam diferentes dos homens porque...”. As alternativas foram: a) Concordo. As mulheres são mais cuidadosas com velhos e crianças; b) Concordo. As mulheres são mais inteligentes que os homens; c) Concordo parcialmente. As mulheres possuem as mesmas capacidades, mas não é saudável essencializá-las afirmando que serão diferentes no poder; d) Discordo. As mulheres farão as mesmas coisas que os homens; e) Discordo. As mulheres não têm capacidades para o mundo público. Com essas opções (umas deploráveis por sinal) quis reproduzir o senso comum e, também, claro, provocar. Não dá para pensar num mundo melhor apenas quando as mulheres chegarem ao poder, não dá mesmo. Pensar assim, seria partir do mesmo essencialismo que tem subjugado a mulher e a relegado no mundo do privado. Também seria tampar os olhos para as síndromes dos grandes e pequenos poderes (a que se referia tão bem Saffioti, Foucault também em outras palavras) que acometem tantas mulheres. Assim, não importa quem esteja no poder, se homens ou mulheres, a questão é: “como estar no poder?”, “Fazendo o que?”, “Pensando em que ou quem?”, “Valorizando o que ou quem?”. Dessa forma, até que dá para voltar àquilo que Foucault falou, agora, de coração mais tranqüilo e, até pensar a possibilidade de ser diferente, uma vez que diferente também pode ser o poder que se quer ter. Dá até para sair de uma fase muito, muito, muito, niilista (porque, afinal, é necessário viver para gozar do bom da vida!) e pensar que qualquer uma e qualquer um pode mudar o seu mundo, mesmo que isso não seja (e não é mesmo) tão fácil assim.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Ser ou não ser (feminista), eis a questão!


Que a nossa sociedade é machista, isso não é novidade! Que há tantas mulheres machistas quanto há homens machistas, isso também não é novidade, que há homens muito sensibilizados para as questões que o feminismo coloca na pauta do dia, isso também não é novidade, agora, ser mais ou menos feminista, isso (pelo menos para mim) é novidade! Estava eu fazendo um curso de especialização em bioética e, até que eu saiba (e outras pessoas também) a única feminista (que se assumia e reivindicava como tal) era eu. Havia uma colega que se interessava pelas questões de GÊNERO, e apenas de gênero, que se aproximou, pediu referências e até algumas dicas. Claro que eu na minha militância (não tinha nada a ver com amizade, ou ser boazinha) queria mais era oferecer o que eu tinha sobre a questão, mas, claro, sob uma perspectiva feminista. E a colega, insistia que queria uma visão de Gênero, para ela “científica” e, portanto (para ela) não feminista. Por que? Ora, porque o feminismo é (ou era) radical demais (ou era eu a radical, vejamos a seguir) e, a ciência, neutra. Ah, faça-me o favor...minha paciência tem limites!!!!
Das três uma, ou a figura conhece (ou conhecia) pouco o feminismo e pesquisas feministas, ou não assimila nada do que leu acerca das infinitas controvérsias em torno da pretensa neutralidade da ciência, ou, o que é mais provável, vive no mundo da lua. Mas não acabou por aí..., reencontro essa figura numa disciplina intitulada Epistemologia Feminista, e não é que a dita cuja agora (e num contexto muito propício) se diz feminista?!. Claro que quando ouvi isso tive que me espantar e, claro, não podia deixar de observar. Então ela me disse: “Eu sempre fui feminista, só não tinha tanta base quanto você e também achava suas posições muito radicais”. Ah, de novo, tive que respirar fundo!!!! Queria que ela conversasse com Margarida, ou com qualquer mulher do sindicato das empregadas domésticas, ou, sei lá, qualquer mulher do Fórum de Mulheres de Pernambuco. Quem sabe ela teria outra visão do feminismo para além de mim, e percebesse que não dá para ser, mais ou menos feminista. Ou você tem capacidade de se enxergar no mundo dentro das relações desiguais de poder e percebe a categoria gênero como um elemento de apoio para análise, com perspectiva de transformação, como prevê o feminismo, ou você não tem. Ter uma visão política (no âmbito doméstico e público) de tais relações de desigualdade entre homens e mulheres, tentar se curar cotidianamente do machismo (parafraseando Roberto Machado que disse que cotidianamente está se curando do cristianismo) e agir pela transformação de tais relações, isso é ser feminista. Ou se é ou não se é feminista, e priu!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Nova enquete - Mulher e Poder

Pessoas,
tentarei renovar sempre minhas enquetes. Participem tá!
Abraço grande e ótima semana!

Eu não me sinto contemplada no TODOS, e aí? – Quando o politicamente correto é chato, mas não é besteira!

Na última sexta-feira foi encerrada automaticamente (por mim teria deixado mais tempo) a primeira enquete do meu blog. Eu pretendo continuar utilizando desse recurso interessantíssimo com o propósito de interagir com as pessoas e, ademais, fazer uso de seu argumento para, ao final, elaborar algumas palavras sobre o tema em questão. Pois bem, o tema da enquete encerrada se referia à utilização de “todos e todas” nos discursos. Mais especificamente a questão foi: “Você acha que utilizar todos e todas nos discursos é besteira porque...” e as opções que se seguiram para a votação foram: 1) Porque todos é a regra da língua portuguesa e ela não é sexista”; 2) Porque o termo todos já contempla o sexo feminino e não há motivos para mudar e, 3) Não acho. O que é naturalizado dificilmente é questionado.
É claro que essa enquete teve o objetivo de, muito mais, fazer refletir e provocar (como serão as próximas) do que, propriamente, me utilizar do resultado para algum fim sócio-antropológico. Nossa língua portuguesa, assim como a francesa, a espanhola e outras que não saberia precisar aqui, elaboram sua formação no plural a partir do sujeito masculino, e essa não é uma mera coincidência.
Nossa linguagem é um espelho do que somos. Os discursos que utilizamos são frutos de relações de poder que estão nas bases de nossas relações sociais e que têm se construído por meio de, pelo menos, três esferas das desigualdades sociais estruturadas a partir dos seguintes elementos: classe, gênero e raça. Como já dizia meu amigo John e minha amiga Yoko: “Woman is the nigger of the world (...) woman is the slave of the slaves”, e é por isso (por tal constatação) que é sobre a esfera de gênero que me detenho aqui, nesse - como diria uma amiga – “singelo” espaço de reflexão.
O confinamento das mulheres no espaço privado, durantes séculos, retirou delas a possibilidade de falarem por si, entenderem e intervirem nos aspectos simbólicos e materiais de suas próprias vidas. A ciência, a religião, as artes, assumiram a condição do UM masculino e universalizante, e relegaram à condição de OUTRO tudo que não fosse homem, branco, europeu e por aí vai...
Por que estou falando tudo isso? Porque hoje eu e tantas outras mulheres têm consciência de todo esse processo de exclusão ao qual mulheres de todo o mundo foram e têm sido submetidas, e, por isso mesmo, já não nos sentimos contempladas no termo todos. Desejamos que o social, naturalizado a partir das diferenças biológicas, venha a ser desnaturalizado e, mais que isso, que essa coisa “politicamente correta” possa até continuar a ser vista como chata (pq é chata mesmo), mas como besteira jamais (ou pelo menos, até que se torne realmente uma besteira).
Certo dia, estava eu numa defesa de dissertação no mestrado de filosofia da UFPE e o foco era Hannah Arendt. Os examinadores eram um filósofo marxista e um cientista político. O orientador um filósofo também. O cientista político começou sua fala dizendo: bom dia a todos! Parece-me, não tenho certeza, o orientador falou algo em relação à necessidade do “todas” na fala, e então o cientista político disse o seguinte: “esse negócio de politicamente correto é uma besteira, vocês não acham não?” O filósofo marxista concordou de pronto. Parece que o outro hesitou, não sei, mas também não argumentou a favor da “causa”.
É claro que até o final da defesa, outras coisas do tipo rolaram, sabe né...Hannah Arendt, Heidegger, Floresta Negra, claro que a conversa foi parar em Simone de Beauvoir, Sartre...”, não sei como não chegou em Lou, Nietzsche, Romeu, Julieta, Shrek, Fiona, enfim... Voltando à chatice do politicamente correto, sabem quando vai ser besteira? Ou sabem quando acho que realmente será uma besteira? Quando aqueles dois senhores (os três seria melhor, não houve posicionamento do terceiro), é...aqueles...o filósofo marxista, o outro filósofo e o cientista político, eles mesmos..., só considerarei besteira quando eles estiverem num auditório, numa defesa de dissertação sobre, sei lá...Santo Agostinho, Nietzsche, Heidegger, Sartre, tanto faz, são todos machistas mesmo (calma filósofos/as de plantão!) e se sentirem realmente contemplados, do fundo de seus corações filosofantes, quando a palestrante pronunciar um caloroso: “Bom dia a todAs! Quero mesmo ver...
Bem, meu propósito, como disse antes, não foi uma análise estatística do resultado da enquete, mas posso dizer que d@s 12 heróic@s votantes, 66% (8 pessoas) não estão satisfeitos com essa forma masculinizante de universalizar o plural e votaram na opção 3, ou seja, não estou sozinha e isso foi comprovado cientificamente (hehehhe) no meu blog.
Depois falo mais sobre essa chatice do ser politicamente correto, do uso do @, das outras buscas por uma linguagem diferente e não sexista, enfim...mudando o foco, a próxima enquete será sobre mulher e poder. Se puderem, quiserem, desejarem, se sentirem atraíd@s, fiquem à vontade para votar. Eu agradeceria muitíssimo a participação.
Abraço grande e uma ótima semana para tod@s,
Sheila.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Convite: Dia Mundial de Ação pela Justiça Global - 26 de Janeiro. Vamos lá povo!!!

Pessoas, segue um convite muito especial das Loucas de Pedra Lilás, um grupo de teatro inteligente, criativo, bem humorado e político. Estarei com elas mostrando, mais uma vez, os meus dotes de atriz lá no dia 26. Espero que se sintam convidad@s e divulguem se puderem. Abraço grande!

Alo?! Davos?Outro mundo é urgentemente necessário! E é agora!Olá, tod@s,26 de janeiro é o Dia Mundial de Ação pela Justiça Global. Nesta data, o Parque 13 de Maio, no Recife, de 9hs às 22hs, estará a nossa disposição para visibilizarmos as nossas propostas e caminhos, modos, tentativas transformador@s . Para participar, basta encaminhar uma breve apresentação do que pretendem expor para o e-mail comunicacao.pedralilas@ gmail.com. A opção do Parque 13 de Maio foi feita, devido a sua localização(central e longe da agitaçao do carnaval). O parque é um lugar de passeio para muita gente nos finais de semana, com bastante afluência de famílias populares com filhos. Bom, então, tem bastante espaço no Parque 13 de Maio, e muitas horas durante o dia. Solicitamos à Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura, alguma infra (cadeiras para o cinema, barracas, som, palco pequeno, banheiros químicos). Ainda a confirmar. Disseram-nos que se tem propostas de manipular e vender alimentos, teria que saber com antecedência porque tem uma autorizaçao a ter da vigilância sanitária. Grafiteir@s, (arte) educador@s, recicladores e ativistas de todo tipo que atuam em convergência global contamos com vocês. Falando com uns e outros, já surgiu as idéias de biblioteca-boca, de propor às crianças e adultos de desenhar sobre o tema outro mundo é possível, de acolher várias performances teatrais, rodas de discussão debaixo das árvores gostosas, de ter objetos reciclados à venda, troca troca de livros bons (aquela velha e bela idéia de deixar um livro no banco da praça e encontrar outro), de ter no entorno do Parque, na grade, uma grande banda de tectel toda escrita para as pessoas de fora, aquelas que passam de ônibus, ler. Poderiamos fazer uma lista de nosso baú po(li)etico subversivo e @s grafiteir@s coordenar a tarefa na hora de escrever, o cada organizaçao trazer sua parte de tectel já grafitadas, etc. etc...Nós (loucas) temos a intenção além de apresentar nosso espetáculo "Outro Mundo é..." durante o dia, e de fazer, desde 18h com a noite chegando, projeção de filmes. Nós mesmas, temos 2 clips (Loucas por quebrar patentes ou bad trips, good trips) a presentar, e a versão dublada de "El Siglo de la Gente" do 7o filme da série "Vocês contra la Globalización" do cineasta espanhol Carlos Estevez. (do 21 ao 25, a série toda, em versão original será apresentada na sala de vídeo da Fundaj) Por favor, enviem essas informações às suas listas de endereços pelas loucas Gigi e Ana Bosch.

A insuportável lerdeza do ser


Pessoas, eu tava fazendo a maior divulgação, dizendo pro povo comentar o meu blog, e o povo só comentando no meu orkut, até que meu companheiro me disse que não estava podendo comentar e eu, até que enfim, percebi que não havia configurado para tal...ai, ai, ai...pense na demência! É o sono...é a insônia...mas o que eu quero dizer é que agora tá rolando comentar.
Vou deixar com vcs hoje mais um resultado da minha faxina infinda, algo que escrevi enquanto esperava uma mulher para mais uma hora e meia (ou duas horas) de entrevista. Não era um tema fácil - violência doméstica (era a mesma pesquisa a que me referi num comentário anterior) - e precisava deixar a mulher totalmente à vontade para que ela, ao menos, começasse bem a entrevista. Aí vai:

Tudo muda
As condições que são condições
que podem limitar ou mesmo expandir
Desnudar o que somos nós
O que é ser?
Sei lá o que eu tô escrevendo
Estou esperando
Não suporto esperar
Esperar é um sacrifício
Não correr atrás é um suplício
Mas agora faz parte do ofício

Abraço em tod@s,
tenham uma ótima semana!

domingo, 13 de janeiro de 2008

O Sport e os "pombos sem asas"


É melhor esclarecer desde já que não torço por time algum, embora já tenha ido a um jogo por pura curiosidade com meu amigo Maurício (doido, fanático pelo Sport). É verdade que nem vi quando o Grêmio fez gol, mas tudo bem. Tudo esclarecido, não quero falar de futebol, nem de Sport, nem de Grêmio (foi só uma estratégia de marketing, hehehe), quero falar dos "pombos sem asas". Estou numa eterna faxina de papéis há uma semana e claro, me deparei com muitas das minhas anotações antigas e com a minha dissertação. Defendi-a em 2004 e se tratou de uma análise antropológica sobre a complexidade ambiental de dois assentamentos urbanos de Recife: Caranguejo e Campo Tabaiares. É somente aí que entra o Sport, pois os assentamentos se localizam ali por detrás do clube na Ilha Retiro. De acordo com alguns dados coletados, a ocupação foi iniciada em 1910 e em 2000 a população foi contabilizada em 3443 pessoas. É uma realidade muito triste, contextualizada por desemprego, baixa escolaridade, falta de perspectiva para @s jovens, saneamento básico nenhum e muitas palafitas. Tudo isso contrasta com uma reserva ambiental protegida por lei, denominada ZEPA (Zona Especial de Proteção Ambiental), que fica por trás, depois de um “bracinho” do rio Capibaribe e que se pode chegar ao Coque de barco. Conheci homens e mulheres muito fortes, lideranças comunitárias ou não, que lutam bravamente para resistir a tantas privações. Neta, como a chamavam, era a presidente da associação da comunidade quando num ato de protesto e desespero entrou no canal da comunidade para limpá-lo e faleceu alguns dias depois de leptospirose. Quando a entrevistei, ela disse que morava da comunidade desde que nasceu (tinha 47 anos) e que gostava do local em que morava porque “é perto de tudo (...) se quiser ir para cidade, se a gente não tem nem custo, a gente pode ir a pé”. Era o que a maioria das pessoas que foram entrevistadas ressaltavam: a proximidade de mercados, hospitais, dos empregos (quando os tinham), enfim, a possibilidade de não ter que pagar passagem do transporte (que inclusive, se eu não me engano, está aumentando esta segunda (14). Quando eu a questionei sobre o que ela melhoraria na comunidade, se ela pudesse, ela respondeu: “Queria o melhoramento das habitação das casas né, e do lugar, calçamento, drenagem dos esgotos (...) eu queria conseguir isso para os pessoal das palafitas, é esse o meu sonho que eu quero”. Deixo aqui minha homenagem póstuma a Neta. Mexer nessas questões não são fáceis para mim. Durante dois anos aqueles assentamentos foram “meus” “objetos” de estudo. Fui lá ano passado e as coisas estavam do mesmo jeito. É desalentador. Dá vontade de parar de escrever, de fugir da realidade, mas não há como. Quero deixar minha homenagem escrita também a Nice, outra grande guerreira, uma das integrantes da associação dos moradores. Ela perdeu mais um filho ano passado, foi o segundo a ser assassinado antes dos 20, e eu ainda não tive coragem de, ao menos, ligar para ela. Estou tentando ter forças. Agora me esforço por terminar o que comecei. Quando dei o título à minha dissertação, um professor muito querido disse: “é muita ousadia colocar merda na capa da dissertação”, ele sabia, para minha surpresa, o que significava “pombos sem asas”. Essa expressão é dita pelos moradores das palafitas que, sem acesso a saneamento básico, fazem suas necessidades em sacos plásticos e arremessam na maré. Deixo abaixo algo que escrevi pensando naquela realidade:

Quem diz que não podemos voar?
Olhamos para o céu e os pombos voam
E se não afundamos na maré como caranguejos
Voamos tal qual pombos sem asas
Arremessados por mãos alheias
Que metamorfoseiam as asas frágeis, feias, doentes
Quase invisíveis
Em sonhos possíveis
Ressurgindo da lama fétida
Em forma de vida-morte-vida
Em asas exuberantes
Nos seres humanos que se mantêm respirando
Todo dia respirando.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Entre lenços, papéis e dores - Um ensaio memorialista sobre as implicações da violência na saúde das mulheres




“E quando ofereci lenços, ela me perguntou, entre o choro e o riso, se aquilo acontecia com outras mulheres.” Se tivesse chegado a escrever um diário de campo, este bem que poderia ser uma fragmento de minhas memórias quando em 1999, tive a oportunidade de, como pesquisadora, entrar em contato com a história de vida das mulheres e as implicações da violência em suas saúdes.
Dentre as orientações que obtivemos (enquanto pesquisadoras) para lidar com a situação nada confortável de fazer a mulher relembrar momentos, possivelmente terríveis de suas vidas, estava aquele de prestar solidariedade e ampará-la (ou pelo menos suas lágrimas), através dos lenços de papel que carregávamos entre questionários, lápis, pranchetas e guias de apoio no qual constavam referências com endereços e telefones, tanto de instâncias jurídicas e delegacias, quanto de serviços de saúde.
A violência, e aqui trato da violência doméstica em específico, certamente não pode ser configurada como uma doença em si, contudo produz doenças e outras enfermidades, além de que as perpetua em contextos diversos, geralmente caracterizados por relações desiguais de poder. Também a forma como a violência ou as violências podem se expressar são variadas, podendo estar exteriorizadas no corpo físico através da violência física (no caso das mulheres se coaduna de forma corriqueira à violência sexual), mas também e muitas vezes de forma não visível, através da violência psicológica, quando mulheres são submetidas a processos intensos de sofrimento, que provocam tendências à depressão e mesmo ao suicídio.
É inevitável, quando falamos de saúde lidarmos também com a sua ausência, e ainda mais inevitável, dentro do contexto de mundo no qual estamos todas e todos inseridos/as, tratar dos aspectos sócio-culturais que, entre outras coisas, compõem o perfil de integralidade da saúde e por consequência sua complexidade. Dessa forma, o que teria a ver uma mulher com um braço quebrado, e/ou com um olho roxo e os serviços de saúde, por exemplo!?
A relação entre o contraponto da saúde - a doença - e a violência só há pouco tem recebido a atenção que merece, inclusive porque ainda hoje há relutâncias em se reconhecer a violência como um grave problema de saúde pública. Uma vez que o exercício de cruzamento de tais aspectos passaram a ser feitos, ficaram evidenciados problemas, principalmente aqueles relativos ao preparo, ou no caso, despreparo dos serviços de saúde para lidar com tal realidade.
Um exemplo do que acabo de dizer é que muitas vezes a causa (verdadeira) de um braço quebrado ou de um olho roxo não é notificada ou é subnotificada, o que contribui de forma devastadora para a ineficácia ou resolução do problema, bem como expressa uma desqualificação do serviço e mais complexamente, uma ausência de políticas integradas para o enfrentamento dessa violência.
Viajando na Zona da Mata de Pernambuco, Nordeste do Brasil, tive contato não só com a mulher que aceitou o lenço que ofereci, mas também com muitas outras mulheres, cujas realidades se diferenciavam e paradoxalmente se aproximavam, não só pelas histórias de violência vividas, mas também e em muitos casos, por ocasião da situação de pobreza em que estavam inseridas.
Nem todas as mulheres com quem conversei naquele ano, durante seis meses, choraram. Muitas “aprenderam” a engolir o choro mesmo diante do fato de ter tentado suicídio nas últimas quatro semanas e/ou ter seqüelas físicas irreversíveis. Algumas “aprenderam” a somatizar suas dores na insônia, na depressão e em outros sintomas que, por sua vez, diante de um despreparo institucional, certamente correm o risco de passar despercebidos inclusive por quem teoricamente deveria estar preparado para questionar as evidências no sentido de um diagnóstico, tratando do problema dado, mas também problematizando suas causas.
Todas as mulheres estão vulneráveis à violência de gênero, contudo aquelas que mais estão, não por coincidência, são também desprovidas de estruturas educacionais e econômicas, e essas são também, em geral, aquelas que mais recorrem aos serviços públicos de saúde.
Algumas, por força da necessidade, logo após terem sido gravemente agredidas, recorreram aos serviços de saúde para os primeiros socorros, mas em seguida, sem ter seu problema identificado, sem apoio para o enfrentamento de sua situação, voltam para casa ou para o espaço que, em geral, é também freqüentado por seu agressor (aqui o gênero da palavra se coloca propositadamente no masculino pois de acordo com pesquisas e estudos em geral, são eles os principais agressores e em geral também, são homens que mantêm relações muito próximas à mulher agredida, o que configura a violência doméstica).
Se não há uma escuta “sensibilizada” dos/das profissionais, se não há uma notificação compulsória dos casos e encaminhamento para outros órgãos competentes do Estado, se a legislação não prevê um atendimento “especial” para o atendimento das mulheres vítimas de violência, entre outras coisas, os dados serão perdidos, a violência sofrida pelas mulheres tenderão a ser encarados como fenômenos individuais, as pesquisas e levantamentos ficarão defasados, o Estado não terá domínio mínimo sobre o que, de fato, acontece na sociedade e por sua vez não implementará políticas públicas eficazes de prevenção e combate à violência, e o ciclo se fechará, mais uma vez, com vitimizações, sofrimentos, doenças e/ou agravos associados à violência, demandando por sua vez, os serviços de saúde e assim por diante.
De acordo com tudo que me predispus colocar neste ensaio, tanto a partir de minhas memórias de campo, quanto das leituras que pude fazer acerca do tema, proporia que os/as profissionais da saúde pudessem estar sensibilizados/as e, mais que isso, suficientemente envolvidos com todo o pressuposto ético que o problema requer, de forma a investigar não apenas as patologias já “institucionalizadas”, mas também aquelas muitas vezes negligenciadas pelos processos tradicionais do atendimento médico-hospitalar.
Para tanto, certamente, são necessários tanto a adequação dos prontuários e outros instrumentos de registro de atendimento, quanto processos de educação/treinamento em que tais profissionais, não só tenham a possibilidade de tornar o problema da violência visível dentro da própria instituição, como também possam proporcionar à mulher e à sua família, um cuidado integral e especializado, caracterizado tanto pelo exercício da escuta (o que transmitiria a confiança necessária para esta mulher), quanto pela possibilidade de encaminhá-la em seguida para o serviço mais adequado (delegacias, centros de referência, casas abrigo, entre outros) com o importante domínio, certamente, de tal rede de serviços. É assim que concluo este ensaio. Entre lenços, papéis e dores, acontecem as vidas e as estatísticas. A questão é que entre a vida e as estatísticas, ou entre o que é passível de observação e o registro propriamente dito (estatística ou não) há uma pessoa, há seus pensamentos, sua saúde, a ausência da mesma, a imensidão de possibilidades e os caminhos a serem percorridos. Cabe a quem tem a possibilidade do conhecimento e da sensibilidade, mas também da ética a que não se pode prescindir, a abertura de tais caminhos ou, ao menos, a sinalização dos mesmos.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Liberdades tolhidas: um olhar crítico sobre a “liberdade de expressão"


O artigo que segue abaixo já foi publicado em alguns sites e algumas pessoas já tiveram a oportunidade de lê-lo. Assim, para quem ainda não o fez, deixo o mesmo como contédo da segunda mensagem de hoje pois já estou tombando de sono. Abraço grande e até mais.


Estamos imersas/os no tempo e no espaço e tem sido a partir dessas duas categorias que somos percebidas e percebemos o mundo em que vivemos. Nosso tempo é 2007, século XXI, inclusive denominados pós-modernos. Nosso espaço, nosso território: Brasil - país latino-americano, de cultura multi-étnica que convive com as imensas desigualdades sociais, e, entre outras coisas, com os resquícios do período da ditadura militar, este que em nosso tempo provoca arrepios quando o que está em jogo é a liberdade de expressão.A imprensa, empresários/as, jornalistas, intelectuais, artistas e movimentos sociais, são aqueles/as que mais têm se interessado ou mais debatido as questões acerca da liberdade de expressão em tempos de “liberdades indiscriminadas” e/ou que tolhem outras liberdades. A questão que se aborda aqui nesse espaço, não está mais na limitação ditatorial do que é pensado, mas, no seu extremo, aos abusos porque a liberdade de expressão vem passando e quais os caminhos a serem trilhados no combate aos mesmos, uma vez que direito à liberdade de expressão não pode ferir outros direitos humanos.A música bomba no cabaré do grupo de forró Mastruz com leite, na íntegra, diz o seguinte: “Jogaram uma bomba no cabaré, voou para todo lado pedaço de mulher, foi tanto de caco de puta pra todo lado, dava pra apanhar de pá, de enxada e de colher! No meio da rua tava os braços de Tereza, no meio-fio tava as pernas de Raché, em cima das telha os cabelo de Maria, no terraço de uma casa tava os peito de Isabé! Aí eu juntei tudo e colei bem direitinho fiz uma rapariga mista, agora todo homem quer! Pode jogar uma bomba lá no cabaré, que eu junto os cacos das puta, pra fazer outra mulher!”.Na nossa constituição, artigo 5º, parágrafo IX, há a seguinte referência: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à propriedade, nos termos seguintes: (...) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.
Há ainda no artigo 220, parágrafo 2º, o seguinte: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nessa constituição (...) É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”.A citação de tais leis, nos apresenta, rapidamente, o resultado da luta pela liberdade, pela possibilidade de expressar o que se sente, de falar o que se pensa, como máximas do direito humano fundamental à comunicação. Esse esforço não tem sido em vão. Cidadãs e cidadãos vêm cada vez mais buscando alternativas às formas hegemônicas de comunicação e a própria luta dessas pessoas e movimentos tem sido certamente uma das nossas maiores conquistas. A questão é que o outro lado da moeda, ou seja, alguns resultados dessa ilimitada liberdade (se assim se pode dizer) de expressão como a música acima e tantas outras, chama à reflexão sobre até que ponto é possível continuar assim, como proceder e a quem cabe responsabilidades quando é chegado o limite.Na nossa Constituição está explícito que “Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm o direito, sem discriminação alguma, a igual proteção da lei. A este respeito a lei deve proibir qualquer forma de discriminação e garantir a todas as pessoas proteção igual e eficaz contra qualquer tipo de discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra situação”. Se está explícito em nossa constituição que a lei deve proibir qualquer forma de discriminação em qualquer situação, então é necessário retomá-la. Se a idéia transmitida pela “música” “Bomba no Cabaré” incita discriminação e faz apologia à violência, então, estranhamos que a canção não estimule nenhum tipo de apreensão, proibição e/ou qualquer sanção por parte dos órgãos competentes. Seria muito bom pensar que isso não acontece porque o alvo da violência é uma mulher, ou melhor, várias mulheres. E, para sermos mais específicas, as mulheres que estão em situação de prostituição.Seria demais indagar qual a “graça” dessa “música”? Por que causa diversão? Será que ela tem adesão de uma parcela da população (independente de sua classe social) porque diz que as “putas estão sendo explodidas” ou simplesmente porque ataca as mulheres, independentemente de serem putas ou não? Nos dois casos, é importante destacar que a ausência de ações efetivas contra esse tipo de abuso por parte do Estado colabora com a perpetuação da violência.As estatísticas de violência contra as mulheres falam bem do quanto estas têm estado neste lugar de vulnerabilidade, tanto porque sofrem a violência sócio-culturalmente institucionalizada, quanto porque o Estado tem caminhado com passos vagarosos quando se trata da adoção de medidas efetivas para o enfrentamento a esse tipo de violação aos direitos humanos. Uma das provas do que se acaba de dizer, foi a tardia, mas muito bem-vinda Lei Maria da Penha, que chegou para inserir as mulheres na Constituição, uma vez que, até então, eram tratadas como qualquer coisa, menos como cidadã para a qual o Estado também possuía responsabilidades.Se as formas comuns de desrespeito aos direitos humanos como a apologia e a incitação ao crime, inclusive à prática da tortura, linchamento e outras formas de violência, bem como a discriminação racial, de gênero, religião e orientação sexual, não têm sido reconhecidas pelo Estado, cabe a nós, sociedade civil, embora não seja nossa obrigação, lembrar da responsabilidade de quem a tem.O que se deseja é dignidade, reconhecimento e respeito. O que se deseja é a efetivação das leis por parte do Estado e, por assim dizer, punição de quem corrobora para a disseminação da violência. O que se deseja é um mundo sem violências. Contudo, sabemos que esta só se alcançará se também os símbolos dessa cultura forem postos em xeque.No mais, é importante enfatizar que aqui não se reivindica o tolhimento da liberdade, nem a volta à censura, mas sim a efetivação dos direitos das mulheres, que temporal e espacialmente, têm ficado à margem dos processos da vida pública e violentadas no mundo privado. Se com a sua emancipação, se deu e está se dando cada vez mais também sua inserção no mundo público e por outro lado, também as violências ficam mais visíveis, é importante enfatizar a importância e necessidade de medidas efetivas contra quem protagoniza tais agressões, mesmo que, e inclusive, se estas venham em forma de cartazes de shows (por exemplo: “...até meia noite: MULHER GRÁTIS”), propagandas de cerveja e/ou de músicas como a que a foi citada acima e tantas incontáveis outras.Leis não faltam, pressão da sociedade civil também não. Se as leis existem para, por um lado, prever direitos e, por outro, instituir sanções a quem infringir os códigos de conduta que possibilitam cidadãs e cidadãos ao usufruto de tais direitos, recorremos às mesmas e aos órgãos competentes para que tomem as atitudes cabíveis e efetivem assim a cidadania das mulheres, em qualquer situação, em qualquer espaço, mas não em qualquer tempo. O tempo para transformações é hoje, é agora. Não dá para fingir que não ouvimos quando ouvimos, não dá para fechar os olhos quando vemos, não dá para calar quando sentimos. A vida é agora e a efetivação do direito das mulheres é para ontem.


Sheila Bezerra

Saudações!!!!!







Idéia interessante essa de se mostrar para o mundo...um blog! Aqui estou eu, trazendo do fundo do baú esta expressão que quase se tornou muito famosa como um movimento anarquista, punk (ista) hehhehe, ecologista e, acima de tudo, feminista, caso as integrantes não desistissem dela no meio do caminho, não sei por qual motivo...(ela é tão interessante né)? Não sei se já havia sido pensada por alguém, por alguma feminista muito doida (redundante???hehehe) mas, tipo assim, pós- e prés- conceitos à parte, o que importa é que na minha cabeça fui eu quem criou, e essa é minha vontade de verdade (alguém ousa dizer o contrário?). Tudo bem, isso não importa agora. O que importa é que esse é um blog de alguém que quer transformar o mundo e que vislumbra, entre outras coisas, usar das palavras para fazê-lo.






Seja bem-vind@!